terça-feira, 3 de novembro de 2015

Rosangela Lyra troca impeachment por lei anticorrupção


Em entrevista à Revista Congresso em Foco, a empresária que representou a Dior no Brasil e foi sogra de Kaká conta por que deixou movimento pró-impeachment para se dedicar à coleta de assinaturas por nova lei anticorrupção

Divulgação
Rosangela sobre impeachment: "Devemos evitar abrir precedentes e não passar a impressão de que, se não está bom, a gente tira"
Tiago Seidl
Por quase três décadas, a empresária Rosangela Lyra representou no Brasil um dos ícones da moda mundial, a elegante marca francesa Dior. Desde que deixou o posto, em 2013, a presidente da Associação dos Lojistas dos Jardins, uma das regiões mais nobres de São Paulo, fez do ativismo político sua nova grife. Conselheira de moda, negócios e fé (é católica fervorosa), a empresária adicionou a militância política às suas atividades. Do alto de seu confortável apartamento no Itaim Bibi, um dos bairros mais elegantes da capital paulista, engrossou o coro dos protestos contra o governo Dilma, o PT e a corrupção.
Há um ano, criou o Política Viva, um grupo de discussões que já recebeu alguns dos principais opositores da presidente Dilma, como os senadores José Serra (PSDB-SP), Alvaro Dias (PSDB-PR) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), e o vice-presidente Michel Temer (PMDB). No fim de setembro, Rosangela desembarcou do movimento Acorda Brasil, que tem o impeachment como principal bandeira, para se concentrar em um novo projeto: ajudar o Ministério Público Federal a reunir 1,5 milhão de assinaturas em apoio a um projeto de lei de iniciativa popular com dez medidas de combate à corrupção.
“Neste momento, essa bandeira do impeachment não me ajuda no meu projeto de combate à corrupção, que não é voltado somente a um governo ou a um partido. Ele é muito mais amplo”, explica.
Para ela, o país não pode banalizar o impeachment. “Até agora, da forma que os pedidos de impeachment são apresentados, sou contra. No meu ver, dentro da minha leiguice, mas com um pouco de conhecimento, a gente ainda não tem todas as provas para ter um movimento irrefutável, inquestionável. O custo do processo é muito alto. Devemos evitar abrir precedentes e não passar a impressão de que, se não está bom, a gente tira, o Congresso decide, os políticos levam para votação e pronto. É muito mais complexo. Se tiver razões realmente inquestionáveis que todos vejam, é outra coisa”, afirma a empresária, mãe da cantora Carol Celico, ex-mulher do jogador de futebol Kaká.

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