domingo, 1 de novembro de 2015

Acabou o discurso do Lula.


Lula perdeu a parte mais convincente do seu discurso político: a do menino pobre e retirante que veio para a cidade e virou presidente da República. Não pode mais contá-la. Venceu a miséria e tornou-se multimilionário. Mas um  detalhe é mortal para a sua biografia. Construiu a sua fortuna de forma suspeita, criminosa, ilegal. Há meses e pelos próximos anos este será o assunto. Encontraremos as piores falcatruas na vida do menino pobre e retirante, que transformou-se num coronel nordestino da pior espécie, suspeito de receber propina sobre obras e produtos que causaram a pobreza do pobre brasileiro. Lula ficou riquíssimo de forma suspeita. Não precisa mais "vencer adversidades". Pode comprar "facilidades". O brasileiro pobre finalmente está conhecendo o verdadeiro Lula. E a verdade está penetrando lentamente pela pirâmide, chegando lá na base, pela imprensa e pelas redes sociais. 55% dos brasileiros já o rejeita. E ele ainda nem foi depor, quanto mais foi preso, que é um risco cada vez maior. Acabou o pobrezinho do Lula. Apareceu o Lula riquíssimo, da noite para o dia. Sua tese preferida do pobre contra os ricos acabou. Ele é o rico, pobres somos nós pagando o preço de uma recessão que ele produziu. O papel de vítima não lhe cabe mais. Ele estava no comando e fez o que bem quis. Escolheu encher os bolsos de meia dúzia de empresários, que encheram o bolso dos seus apaniguados de propina. Até mesmo na Petrobras. Lula encontra-se num beco sem saída. Não é à toa que agarra-se na CUT e no MST. É o que lhe sobrou. E é o que vai enterrar o seu futuro.
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(Revista Veja) Oito anos na Presidência da República fizeram de Lula um mito. Ele escapou ileso do escândalo do mensalão, bateu recorde de popularidade, consolidou o Brasil como um país de classe média e elegeu uma quase desconhecida como sua sucessora. Os opositores reconheciam e temiam seu poder de arregimentação das massas. O líder messiânico, o novo pai dos pobres, o protagonista do primeiro governo popular da história do Brasil encontra-se atualmente soterrado por uma montanha de fatos pesados o bastante para fazer vergar qualquer biografia - até mesmo a de Lula. 

 Investigações sobre corrupção feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público vão consistentemente chegando mais perto de Lula. Ele próprio é foco direto de uma dessas apurações. Do seu círculo familiar mais íntimo ao time vasto de correligionários, doadores de campanha e amigos, o sistema Lula é formado predominantemente por suspeitos, presos e sentenciados. Todos acusados de receber vantagens indevidas de esquemas bilionários de corrupção oficial.

O mito está emparedado em verdades. Lula teme ser preso, vê perigo e conspiradores em toda parte, até no Palácio do Planalto. Chegou recentemente ao ex­-presidente um raciocínio político dividido em duas partes. A primeira dá conta de que sua derrocada pessoal aplacaria a opinião pública, esse monstro obstinado, movido por excitação, fraqueza, preconceito, intuição, notícias e redes sociais. A segunda parte é consequência da primeira. Com a opinião pública satisfeita depois da punição a Lula, haveria espaço para a criação de um ambiente mais propício para Dilma Rousseff cumprir seu mandato até o fim. Nada de novo. A política é feita desse material dúctil inadequado para moldar alianças inquebrantáveis e fidelidades eternas.

Os sinais negativos para Lula estão por toda parte. Uma pesquisa do Ibope a ser divulgada nesta semana mostrará que a maioria da população brasileira condena a influência de Lula sobre Dilma. Some-se a isso o contingente dos brasileiros que até comemorariam a prisão dele, e o quadro fica francamente hostil ao ex-presidente. 

O nome de Lula e os de mais de uma dezena de pessoas próximas a ele são cada vez mais frequentes em enredos de tráfico de influência, desvios de verbas públicas e recebimento de propina. Delator do petrolão, o doleiro Alberto Youssef disse que Lula e Dilma sabiam da existência do maior esquema de corrupção da história do país. 

Dono da construtora UTC, o empresário Ricardo Pessoa declarou às autoridades que doou dinheiro surrupiado da Petrobras à campanha de Lula à reeleição, em 2006. O lobista Fernando Baiano afirmou que repassou 2 milhões de reais do petrolão ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e tutor dos negócios dos filhos do petista. Baiano contou aos procuradores que, segundo Bumlai, a propina era para uma nora do ex-presidente. A relação de nomes é conhecida, extensa e plural - dela faz parte até uma amiga íntima de Lula. A novidade agora é que a lista foi reforçada por um novo personagem. Não um personagem qualquer, mas Luís Cláudio da Silva, um dos filhos do ex-presidente. O cerco está se fechando.

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