sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Rui Costa admite tirar a Cesta (que não é) do Povo do governo

ESPAÇO DO LEITOR:
Gabriel de  Camaçari...............por email



Segundo o site da Ebal, a Cesta do Povo tem  288 lojas  na Bahia.
Segundo o site da Ebal, a Cesta do Povo tem 288 lojas na Bahia.
Depois de criticar a oposição durante a campanha pela política de privatizações deflagrada em administrações tucanas, o governador eleito Rui Costa (PT) mostrou outro posicionamento em relação ao tema. Indagado sobre a Ebal, estatal que controla a Cesta do Povo, admitiu a possibilidade de passar o comando da empresa pública para a iniciativa privada, segundo informa hoje a coluna Satélite, do Correio, assinada por Jairo Costa Junior.

“Encomendei um estudo, um modelo onde ela não precise de recursos públicos, que seja autossuficiente. Se for necessária, nós queremos a participação da iniciativa privada, desde que o estado não precise tirar dinheiro de saúde, educação, de estradas, de água para colocar num supermercado. Quando eu retornar (de viagem), quero ver esse desenho para tomar uma decisão”, disse Rui.

Em suma, sinalizou que vai privatizar a Cesta do Povo. Só não sabe ainda se fará totalmente ou pela metade, informa o colunista


Segundo o site oficial da Ebal, atualmente a Cesta do Povo representa a maior rede de abastecimento alimentar da Bahia, contando com 288 lojas (52 na capital Salvador e Região Metropolitana), presentes em 236 municípios baianos, comercializando mais de 2.500 itens.

A Ebal já esteve envolvida em vários escândalos. Em 2007, foi instalada uma CPI para apurar um rombo espetacular de R$ 600 milhões. Em 2010, o jornalista Janio Lopo, já falecido, publicou na Tribuna da Bahia uma série de artigos sobre o caso. Confira abaixo um deles:

A Cesta não é do povo (Janio Lopo)

O grau de indignação demonstrado por políticos e empresários aqui citados nos comentários sobre o escândalo da Ebal, através de e-mails enviados ontem para mim em função de um novo comentário sobre o tema, me leva a duas premissas. Primeira: o atual governo do Estado comeu mosca e omitiu-se na investigação e punição dos responsáveis pelo rombo na empresa, à época, de R$ 600 milhões (hoje estaria na casa de R$ 1 bilhão).

Segundo: o relatório da Secretaria da Fazenda, cuja cópia tenho em meu poder, teria sido elaborado com o único propósito de denegrir a imagem dos antecessores de Jaques Wagner e, portanto, não merece a mínima confiança. Seria fajuto e pretensioso, o que colocaria em xeque o comportamento ético do corpo técnico da Sefaz que o confeccionou. Certo ou errado? Nada invalida, porém, o questionamento sobre o trabalho do Ministério Público Estadual, que, saliente-se, apontou várias irregularidades em transações na estatal e tampouco os pífios resultados da CPI instalada na Assembleia Legislativa para investigar as hipotéticas falcatruas.

O curioso, porém, é que o MP e a AL agem como se tivessem soterrado o passado. O próprio governo baiano o faz assim. Episódio como o da Agerba, que seria uma formiga ante o elefante que fez da Ebal a sua moradia é tratado como algo assombroso, quando nuvens misteriosos teimam até hoje em encobrir o céu da Cesta da Povo. Ou Cesta do Bobo, como queiram.

Só ontem recebi várias manifestações de personalidades aqui citadas no caso Ebal. Vou resumi-las, mas com a promessa de, no decorrer dos próximos dias, publicá-las na íntegra em função do pouco espaço da coluna. Mencionado por mim anteontem, o empresário Geraldo Brandão, cafeicultor, nega qualquer relação com dirigentes da Ebal, ontem ou hoje, confirmando apenas a amizade nutrida com conselheiro Otto Alencar. Aliás, através de e-mail, o próprio Otto me mandou a seguinte mensagem:
"Estou afastado das minhas atividades há mais de 60 dias e ainda convalesço de uma cirurgia para retirada de um câncer de próstata em 17-12-2009, além de ter sido acometido no dia 10-01-2010 de um problema cardíaco, o que me levou ao tratamento com cardiologistas e do qual me recupero com a força da fé e a ajuda de Deus. Vejo, agora, por meus assessores, várias matérias publicadas na sua coluna em que fica claro o esforço de me envolver com atos praticados por outros e já apurados na auditoria da Secretaria da Fazenda e na CPI da Ebal realizada no ano de 2007, período em que não tive ou tinha qualquer contato com o atual governo. Em nenhum dos dois relatórios meu nome é sequer citado por pessoas ouvidas, envolvidos, testemunhas, empresários ou acusados”.

Devo dizer duas coisas: não tenho absolutamente nada contra o conselheiro do TCM, exceto uma pública simpatia. Ele, inclusive, se dispôs a depor na CPI da AL, que o liberou. O nome de Otto surgiu nessa história após ser apontado por petistas inconformados com sua indicação para uma das vagas ao Senado ao lado de Wagner.

Por fim, recebi um desaforado e-mail do deputado Ângelo Coronel, com ameaças de processar-me, mas admitindo que tem familiares que são fornecedores à Ebal. O e-mail de sua excelência publicarei amanhã por ser mais extenso. Mas, uma observação: caro deputado, mesmo na época da ditadura, nunca tive medo nem tampouco me curvei a generais. Jamais o faria agora para um coronel em plena democracia, mesmo que seja uma patente de mentirinha. Não temo sua arrogância nem prepotência. Acredito que, a partir de hoje, o escândalo da Ebal começa, efetivamente, a ser desvendado
Por Jornal da midia

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