segunda-feira, 5 de maio de 2014

MP e Cremeb constatam irregularidades no Hospital Geral de Camaçari


 

Quatorze pacientes acomodados no corredor, no mesmo espaço utilizado para a passagem do lixo. Esta foi apenas uma das irregularidades detectadas na visita realizada pelo Ministério Público estadual e pelo Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) ao Hospital Geral de Camaçari (HGC), ontem, dia 29. De acordo com a promotora de Justiça Thiara Rusciolelli, que, ao lado de dois conselheiros do Cremeb, coordenou a inspeção, com base nas irregularidades constatadas, o MP vai instaurar um inquérito civil. “A partir daí, podemos firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e solucionar a questão de forma extrajudicial ou, caso seja necessário, ajuizar uma ação civil pública”, destacou a promotora de Justiça.

Dentre os problemas mais graves observados pela equipe que acompanhou a visita estão “a falta de estrutura e de pessoal”. A enfermaria de clínica médica, por exemplo, foi desativada há um ano e teve 20 leitos fechados por falta de pessoal. O setor de internamento pediátrico, por sua vez, foi fechado para passar por uma reforma, “que nunca aconteceu” e na pediatria, as camas que existem são infantis, divididas entre as crianças e as mães. Alguns medicamentos não estão disponíveis e a farmácia não contava com farmacêutico na hora da visita. O centro cirúrgico conta com quatro salas, das quais apenas duas funcionam. Já na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dos oito leitos existentes, somente seis estão ativos. A falta de espaço também atinge os consultórios, alguns dos quais chegavam a ser divididos por dois médicos em atendimentos simultâneos, no momento da inspeção.

A falta de estrutura e de pessoal é agravada pela demanda excessiva decorrente de problemas conjunturais da saúde municipal. De acordo com Thiara Rusciolelli, o município de Camaçari não possui hospital nem maternidade próprios, sendo o próprio HGC um hospital estadual, que, por isso, “deveria estar voltado apenas para atendimentos de média e alta complexidade”. No entanto, “a deficiência na atenção básica” faz com que, hoje, 80% dos pacientes que dão entrada no HGC sejam de baixo risco, que “deveriam ser atendidos na atenção primária”. A promotora de Justiça destacou ainda que a demanda aumenta por conta de pacientes que vêm de outras cidades, a exemplo de Simões Filho, Salvador e Entre Rios.

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