terça-feira, 30 de dezembro de 2014

José Sarney, a despedida





Contam ilustres moradores que em reunião num luxuoso condomínio na Península, em São Luís (MA) – onde especula-se que deve residir – foi cogitado meio à brinca, meio a sério, o nome do senador José Sarney para síndico em 2015. E unanimemente recusado. A muitos quilômetros da capital, o prefeito aliado de Arame, no interior, resolveu batizar uma avenida de 2 km com o nome do patriarca do conhecido clã político no Estado.
Estes dois episódios locais demonstram como um dos mais longevos mandatários do Brasil, às vésperas de sua aposentadoria, tornou-se amado e odiado Meses atrás, quando especulações de sua retirada rondavam o Congresso, as perspectivas climáticas para o outono brasileiro descreviam curiosamente o momento vivido por seu José Ribamar, nome de batismo: a estação de transição entre o verão e o inverno contou com nevoeiros, mudanças rápidas e temperaturas amenas – tal como José Sarney com sua aposentadoria.

O dono do estado e muito mais

Fora do Convento das Mercês, sede da fundação financiada pelo Estado que divulga a figura de Sarney, os habitantes apontam as marcas da família espalhadas por toda a capital, São Luís.
Se estiver procurando um lugar para morar, pense no bairro de Vila Sarney, brincam. Um hospital? Lá está a Maternidade Marly Sarney. Quer dar uma olhada em um livro? Procure na Biblioteca José Sarney. Precisa ir ao centro? Pegue a Ponte José Sarney.

E se tiver problemas, poderá sempre ajuizar uma ação - no Tribunal Sarney Costa.

Fim de carreira para o velho coronel e seus asseclas, faltando ainda, os outros da Paraiba ( Cunha Lima) Alagoas ( Renan Calheiros) Pará (Jader Barbalho)
toudeolhoemademar13.blogspot.com 

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Exclusivo: o raio-x do poder nos estados

Dominados por políticos profissionais, empresários e homens brancos, legislativos estaduais se assemelham ao parlamento federal. Levantamento da Revista Congresso em Foco mostra quem o brasileiro elegeu como seu representante nos estados


Ana Volpe/Ag. Senado
Assembleias legislativas reproduzem perfil do Congresso Nacional
Homem, branco, na faixa dos 50 anos, com formação superior completa, empresário e político profissional, com patrimônio bem acima da média nacional e condições de gastar quase dez vezes mais do que seus adversários para se eleger. Este é o perfil médio dos 1.059 deputados estaduais e distritais eleitos em outubro no Brasil, país onde, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade da população é de mulheres, pardos e pretos e apenas 8% de seus cidadãos concluíram a faculdade.
Que espelho da sociedade que nada: não há nada mais parecido com o Congresso Nacional do que as assembleias legislativas brasileiras. É o que mostra levantamento feito pelaRevista Congresso em Foco a partir de informações prestadas pelos eleitos para as 26 assembleias e a Câmara Legislativa do Distrito Federal. As semelhanças começam no percentual de reeleitos (56%), mesmo índice alcançado pelos federais este ano. Tal como no Congresso, parte da renovação nos estados tem um velho conhecido sobrenome: os parlamentares mais jovens, em geral, vêm de famílias tradicionais na política local.
Além de berço e poder, o dinheiro também fez diferença. Juntos, os deputados estaduais eleitos declararam à Justiça eleitoral ter gastado mais de R$ 600 milhões para se elegerem. Uma média de R$ 573 mil por campanha, nove vezes mais do que os R$ 62 mil informados pelos não eleitos. No caso dos federais, essa diferença chega a 11 vezes.
Em 2015, a presença feminina nos parlamentos estaduais (11%) será ligeiramente superior à do Congresso (10%). Proporcionalmente, elas terão mais espaço no Norte, e menos no Sul do país. Assim como os homens, os brancos estarão super-representados. Eles serão a grande maioria nas assembleias (73%) e no Congresso (80%). A sub-representação tem cores definidas: somente 29 negros e dois indígenas se elegeram deputados estaduais.
Quase metade dos eleitos nos estados se declara político profissional. Na sequência, o grupo mais representado é o dos empresários, com 96 eleitos. As novas assembleias confirmam uma tendência que se repete desde 1998: estão ocupadas por políticos mais experientes e com maior escolaridade. A maioria dos eleitos em outubro tem mais de 50 anos. Há 16 anos, apenas 29% tinham meio século de vida. O percentual dos que concluíram a faculdade também subiu de 64% para 71% nesse período.
Dos 32 partidos registrados no Brasil, 29 terão ao menos um representante nos legislativos estaduais. Em todo o Brasil, só os esquerdistas PCO, PCB e PSTU não elegeram um candidato sequer em 2014. A exemplo do que ocorreu na Câmara, o PT foi o partido que mais perdeu espaço nas assembleias. Conquistou 40 cadeiras há menos em relação a 2010.
A maioria dos governadores não deve enfrentar grande resistência no Legislativo. Em pelo menos 15 estados, os chefes do Executivo viram seus companheiros de chapa conquistar mais da metade das vagas. Mas o número dos detentores de maioria tende a crescer já no início do ano legislativo, com a tradicional oferta de cargos na administração pública. A situação mais delicada, inicialmente, é a do governador eleito do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), cujos aliados conquistaram apenas seis das 24 cadeiras do parlamento.
Em São Paulo, onde o governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB) já dispõe de ampla maioria, o cenário ficou ainda mais favorável para os tucanos. A oposição minguou de 28 para 18 parlamentares. Uma queda puxada pelo PT, que viu sua bancada cair de 22 para 14 nomes. “A onda antipetista em São Paulo foi muito forte. Teremos de aumentar a participação popular e organizada na assembleia e modernizar nossa atuação como oposição”, reconhece o líder do PT na Casa, João Paulo Rillo.
Para o historiador e cientista político Antônio Marcelo Jackson, da Universidade Federal de Ouro Preto, a semelhança no perfil dos parlamentos estaduais e federal é consequência de um sistema eleitoral que permite o controle político por pequenos grandes grupos econômicos, que financiam as eleições, mas também do conservadorismo do eleitor brasileiro. “Ainda prevalecem os discursos: ‘eu elejo esse cara e ele cuida das coisas pra mim’ e ‘isso é coisa do governo’. O eleitor sempre encontra uma forma de retirar a responsabilidade de suas mãos. Vários políticos se beneficiam disso”, considera.

domingo, 28 de dezembro de 2014

PARLAMENTARES : Quem recebeu da caixinha eleitoral do Congresso

Ao todo, 233 deputados e senadores que disputaram as eleições deste ano receberam R$ 3 milhões de seus subordinados, mostra a Revista Congresso em Foco. Confira a relação dos parlamentares e os respectivos valores repassados por assessores


Quase metade dos parlamentares que disputaram a eleição em 2014 fez uso da caixinha eleitoral

Lúcio Vaz
Os valores variam de simbólicos R$ 50 até quase R$ 91 mil. Os partidos contemplados vão da esquerda à direita, da base aliada à oposição – ao todo, 20 das 28 legendas com assento no Congresso. No total, 233 parlamentares receberam R$ 3 milhões em doações eleitorais de quase 750 assessores, de acordo com cruzamento de dados feito pelaRevista Congresso em Foco com base na prestação de contas entregue pelos candidatos à Justiça eleitoral.
Há servidores que abdicaram de férias para trabalhar em campanha, outros que cederam horas de trabalho para os chefes, funcionários que tiraram da conta bancária valores até superiores aos seus vencimentos mensais. O expediente da chamada caixinha eleitoral foi utilizado por quase metade dos congressistas que disputaram algum mandato em 2014.
Embora a lei não proíba esse tipo de prática, a caixinha caracteriza uma clara vantagem dos parlamentares em relação aos candidatos que não contam com mandato. Muitos assessores veem na permanência do chefe a chance de continuar no emprego. A maioria dos congressistas, no entanto, alega que não pressionou nem exigiu qualquer oferta dos subordinados e que as contribuições – em dinheiro, chefe ou serviço – foram de livre e espontânea vontade. Pela legislação eleitoral, qualquer pessoa física pode doar valor correspondente a até 10% dos rendimentos que declarou à Receita Federal no ano anterior.
Veja a relação dos parlamentares que receberam doações dos servidores e o total levantado por cada um deles no respectivo gabinete:
ParlamentarPartidoUFValor recebido (R$)
Rubens OtoniPTGO90.701
Mário CoutoPSDBPA80.800
Lídice da MataPSBBA79.400
Chico AlencarPsolRJ67.525
Acir GurgaczPDTRO63.400
Alfredo KaeferPSDBPR58.000
Marcus PestanaPSDBMG56.100
Janete Rocha PietáPTSP50.813
Marcelo CrivellaPRBRJ50.000
Luiz CoutoPTPB46.625
João CamposPSDBGO46.000
Leonardo MonteiroPTMG43.083
Eudes XavierPTCE41.384
Assis MeloPCdoBRS39.680
Mozarildo CavalcantiPTBRR38.483
Osmar JúniorPCdoBPI35.848
Marco MaiaPTRS35.800
Paulo PimentaPTRS35.410
Sibá MachadoPTAC35.000
Eduardo AmorimPSCSE35.000
Edio LopesPMDBRR34.850
MarconPTRS33.263
Ságuas MoraesPTMT32.300
Bohn GassPTRS30.600
Wellington DiasPTPI28.222
Íris de AraújoPMDBGO28.000
Marcelo MatosPDTRJ27.500
Afonso FlorencePTBA25.500
Hugo NapoleãoPSDPI24.500
Luisa ErundinaPSBSP24.230
Roberto SantiagoPSDSP24.100
Hélcio SilvaPTSP24.000
VicentinhoPTSP24.000
IzalciPSDBDF24.000
Benedito de LiraPPAL24.000
Subtenente GonzagaPDTMG23.184
Giovani CheriniPDTRS22.000
João ArrudaPMDBPR21.966
Flávia MoraisPDTGO21.743
Padre TonPTRO21.715
PolicarpoPTDF21.700
Paulo TeixeiraPTSP21.143
Márcio MacedoPTSE21.000
Abelardo CamarinhaPSBSP21.000
Rodrigo RollembergPSBDF20.400
Anselmo de JesusPTRO20.250
Luiz SérgioPTRJ20.070
Marinha rauppPMDBRO20.000
José MentorPTSP18.800
Miguel CorrêaPTMG18.600
Givaldo CarimbãoPROSAL18.000
Andréia ZitoPSDBRJ18.000
Luiz Fernando MachadoPSDBSP18.000
Weverton RochaPDTMA18.000
Glauber BragaPSBRJ17.650
Walney RochaPTBRJ17.492
Gim ArgelloPTBDF17.100
Valmir AssunçãoPTBA17.000
Pedro ChavesPMDBGO17.000
Ronaldo FonsecaPROSDF16.920
Jefferson CamposPSDSP16.400
Álvaro DiasPSDBPR16.000
Vander LoubetPTMS15.870
Jô MoraesPCdoBMG15.436
Padre JoãoPTMG15.200
Décio LimaPTSC15.000
André MouraPSCSE15.000
Iracema PortellaPPPI15.000
Assis CarvalhoPTPI14.867
Alessandro RosoPSBRS14.765
Fernando CollorPTBAL14.640
PennaPVSP14.000
Edmar ArrudaPSCPR13.500
Wellington RobertoPRPB13.500
Maurício Quintela LessaPRAL13.000
Pedro EugênioPTPE13.000
Bruna FurlanPSDBSP12.500
Acelino PopóPRBBA12.500
Danilo fortePMDBCE12.100
Carlos SampaioPSDBSP12.000
Walter TostaPSDMG11.510
Paes LandimPTBPI11.429
Eduardo BarbosaPSDBMG11.336
Ataídes de OliveiraPROSTO11.150
Eurico JuniorPVRJ11.100
Maria do RosárioPTRS11.000
Milton MontiPRSP11.000
Sandes JúniorPPGO10.570
Ivan ValentePsolSP10.509
Francisco PracianoPTAM10.218
Jandira FeghaliPCdoBRJ10.000
Zé GeraldoPTPA10.000
Edinho AraújoPMDBSP10.000
Ronaldo BenedetPMDBSC10.000
André de PaulaPSDPE10.000
Giovanni QueirozPDTPA10.000
Luiz Carlos BusatoPTBRS10.000
Vicente ArrudaPROSCE10.000
Dalva FigueiredoPTAP9.900
Arnaldo JordyPPSPA9.850
Paulo FeijóPRRJ9.300
João Paulo LimaPTPE9.200
Davi AlcolumbreDEMAP9.000
Mendonça PradoDEMSE9.000
Ademir CamiloPROSMG9.000
Valtenir PereiraPROSMT9.000
Magarida SalomãoPTMG8.900
Roberto de LucenaPVSP8.651
Gustavo PettaPCdoBSP8.650
Luci ChoinackiPTSC8.560
Wandenkolk GonaçalvesPSDBPA8.500
José Carlos AraújoPSDBA8.500
Nilson LeitãoPSDBMT8.427
Lourival MendesPTdoBMA8.400
Vanderlei SiraquePTSP8.100
Luciano CastroPRRR8.060
José PriantePMDBPA8.050
Guilherme MussiPPSP8.000
Mauro LopesPMDBMG7.800
Nelson MarquezelliPTBSP7.200
Luiz AlbertoPTBA7.180
Cláudio PutyPTPA7.000
Pastor EuricoPSBPE7.000
Katia AbreuPMDBTO7.000
Mauro MarianiPMDBSC6.973
Waldir MaranhãoPPMA6.850
Amauri TeixeiraPTBA6.810
Jean WyllysPsolRJ6.710
Nilson PintoPSDBPA6.706
Eros BiondiniPTBMG6.500
Berinho BantimSDRR6.500
Salvador ZimbaldiPROSSP6.100
Luiz CarlosPSDBAP6.080
Janete CapibarebePSBAP6.000
Nelson Marchesan JuniorPSDBRS6.000
Danrlei de DeusPSDRS6.000
Márcio MarinhoPRBBA6.000
Roberto RequiãoPMDBPR6.000
Nilmário MirandaPTMG5.930
Gabriel GuimarãesPTMG5.500
Rogério CarvalhoPTSE5.500
Ronaldo ZulkePTRS5.500
Beto FaroPTPA5.400
Vicente CândidoPTSP5.300
Elcione BarbalhoPMDBPA5.300
Leonardo QuintãoPMDBMG5.241
Guilherme CamposPSDSP5.200
Irajá AbreuPSDTO5.200
Sérgio BritoPSDBA5.200
Professora DorinhaDEMTO5.100
Inácio ArrudaPCdoBCE5.100
Carlos ZarattiniPTSP5.000
Emiliano JoséPTBA5.000
Raimundo Gomes de MatosPSDBCE5.000
Vaz de LimaPSDBSP5.000
Dilceu SperaficoPPPR5.000
Eliene LimaPSDMT5.000
Vieira da CunhaPDTRS5.000
Antonio BalhmannPROSCE5.000
Alice PortugalPCdoBBA4.950
Ronaldo CaiadoDEMGO4.870
Luiz PitimamPSDBDF4.500
Liliam SáPROSRJ4.500
Esperidião AmimPPSC4.333
Érika KokayPTDF4.000
José StédilePSBRS4.000
Roberto BalestraPPGO4.000
Antônio BulhõesPRBSP4.000
César HalumPRBTO4.000
Genecias NoronhaSDCE4.000
Urzeni RochaPSDRR3.850
Edson SantosPTRJ3.800
Carlos Alberto LereiaPSDBGO3.750
Washington ReosPMDBRJ3.500
George HiltonPRBMG3.000
Waldenor PereiraPTBA3.000
Marllos SampaioPMDBPI3.000
Stefano AguiarPSBMG3.000
Nelson MeurerPPPR3.000
Silas CâmaraPSDAM3.000
Odair CunhaPTMG2.730
Dimas FabianoPPMG2.560
Dr.GriloSDMG2.550
Sandra RosadoPSBRN2.530
Dr. UbialiPSBSP2.500
Miro TeixeiraPROSRJ2.500
Erivelton SantanaPSCBA2.350
José Sarney FilhoPVMA2.100
Maura GabrilliPSDBSP2.100
Marcelo AguiarDEMSP2.040
MagelaPTDF2.000
Miriquinho BatistaPTPA2.000
Alceu MoreiraPMDBRS2.000
Luiz OtávioPMDBPA2.000
Pastor Marco FelicianoPSCSP2.000
Sérgio MoraesPTBRS2.000
Hermes ParcianelloPMDBPR1.850
Fabio TradPMDBMS1.500
Paulo BornhausenPSBSC1.500
Hélio SantosPSDBMA1.500
Pedro FernandesPTBMA1.500
Arlindo ChinagliaPTSP1.400
Domingos DutraSDMA1.400
Jorge BittarPTRJ1.300
Delegado ProtógenesPCdoBSP1.300
Jaqueline RorizPMNDF1.300
Onyx LorenzoniDEMRS1.200
PaulãoPTAL1.000
João MagalhãesPMDBMG1.000
Fernando Coelho FilhoPSBPE1.000
Josue BengtsonPTBPA960
Perpétua AlmeidaPCdoB900
Marcos rogérioPDTRO900
Henrique FontanaPTRS800
Renato SimõesPTSP800
Benedita da SilvaPTRJ750
Simplício AraújoSDMA650
Laercio OliveiraSDSE600
Daniel AlmeidaPCdoBBA500
Diego AndradePSDMG500
Paulo Pereira da SilvaSDSP500
Nelson PellegriniPTBA400
Chico LopesPCdoBCE200
Edinho BezPMDBSC170
Eduardo SuplicyPTSP150
Angelo VanhoniPTPR142
Lelo CoimbraPMDBES114
MandettaDEMMS100
Átila LinsPSDAM100
Rogério Peninha MendonçaPMDBSC50
Carlos MellesDEMMG50

Fonte: Revista Congresso em Foco, com base na prestação de contas final dos candidatos e na relação dos funcionários da Câmara e do Senado.

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