(O Globo) O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), classificou as denúncias do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco como “estarrecedoras” e cobrou a continuidade das investigações, inclusive com os trabalhos da CPI na Câmara, criada nesta quinta-feira com o apoio dos partidos de oposição e alguns da base aliada. Segundo Barusco, o partido recebido até US$ 200 milhões em propina de contratos da Petrobras entre 2003 e 2013.
— As denúncias tornadas públicas hoje no depoimento de um ex-dirigente da Petrobras são estarrecedoras. Durante a campanha eleitoral, eu várias vezes cobrava, inclusive da candidata Dilma Rousseff, uma posição sobre se ela confiava ou não no tesoureiro do seu partido, hoje, denunciado por este dirigente da Petrobras como o receptor de parte deste recurso desviado. Nada como o tempo para trazer luz à verdade — disse Aécio, completando:
— É absolutamente fundamental que as investigações continuem ocorrendo e os responsáveis pelo maior escândalo de corrupção da nossa história sejam punidos exemplarmente. É preciso que saibamos, de forma muito clara, quem foram os responsáveis por estes desvios, quem foram aqueles responsáveis por suas indicações e, em especial, quem foram os beneficiários desse esquema. É triste para o Brasil. Estamos absolutamente atentos para que no Congresso Nacional, através da CPI na Câmara, possamos avançar nessas investigações — disse o senador.
CONVOCAÇÃO DE BARUSCO
O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), avaliou hoje que o ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, deve ser um dos primeiros convocados a depor na nova CPI que investigará as denúncias de corrupção na estatal. Na visão do deputado, as revelações do funcionário da estatal de que o PT recebeu US$ 200 milhões em propinas demonstram que o objetivo central do esquema era o financiamento ilegal de partidos políticos.
“A máscara caiu. Esse depoimento do Barusco demonstra que toda a corrupção tinha o grande objetivo, além do enriquecimento ilícito de agentes públicos, de financiar partidos políticos. Os números são espantosos e prova que existe uma verdadeira máfia instalada na Petrobras. Pedro Barusco, que também se beneficiou do esquema, deve ser um dos primeiros convocados a depor na nova CPI da Petrobras”, afirmou o líder, por meio de nota.
O delator Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras, afirmou em delação premiada que, no período de 2003 a 2013, o PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina de 90 contratos firmados pela estatal. Pelo menos US$ 50 milhões deste montante teriam passado pelas mãos do atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Os contratos incluem obras como a Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, e a Repar, no Paraná.
Os depoimentos de Barusco, prestados em novembro do ano passado, foram divulgados nesta quinta-feira pela Justiça Federal do Paraná. Foi através de informações fornecidas por Barusco que a Polícia Federal deflagrou, entre outras, a nona fase da Operação Lava-Jato, que nesta quinta-feira cumpriu mandatos em São Paulo, Rio, Bahia e Santa Catarina, além de levar João Vaccari para depor.
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