Por David Mendes (Twitter: @__davidmendes) | Fotos: Divulgação
Aroldo Cedraz poderá ser o 1º presidente da história do TCU que não completará dois anos no cargo
As regras informais do Tribunal de Contas da União (TCU) dizem que o mandato de presidente da Corte dura um ano, mas, cada ministro pode ocupar a função por dois anos consecutivos, o que sempre aconteceu com todos os presidentes que já sentaram na cadeira.
Entretanto, o atual presidente do TCU, ministro Aroldo Cedraz, pode nem chegar até o final do seu mandato, que expira no final do ano, quem dirá ser reconduzido por mais um ano à frente de órgão fiscalizador das contas do governo federal.
Nesta quarta-feira (22), o colunista Claudio Humberto, do Diário do Poder, informou que ministros do TCU não acreditam que Aroldo Cedraz tenha condições de concluir o atual mandato após ter o nome ventilado na 16ª fase da Operações Lava Jato, batizada de Politeia. O ex-deputado federal é apontado em envolvimento em esquemas de tráfico de influência e corrupção dentro do TCU.
Na semana passada, a PF fez buscas na casa e no escritório do advogado Tiago Cedraz, filho do ministro baiano. Em depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República (PGR), Ricardo Pessoa, o dono da UTC Engenharia e um dos delatores da Lava Jato, afirmou que fazia pagamentos mensais de R$ 50 mil a Tiago em troca de informações do TCU em processos que envolvia licitações públicas. O empreiteiro teria negociado R$ 1 milhão com Tiago Cedraz para que o caso fluísse sem problemas. O jovem advogado de 33 anos já acumula uma fortuna de mais de R$ 13 milhões só com imóveis, além de possuir em sociedade com a mãe e mulher do ministro, Eliana Leite Oliveira, uma empresa com capital de R$ 20 milhões. Tiago Cedraz nega as irregularidades.
Posse de Cedraz no início do ano foi prestigiada por autoridades baianas
Nesta quarta, entidades que representam auditores e procuradores do TCU divulgaram nota pública com pedido de abertura de uma investigação interna para apurar o possível envolvimento de Aroldo Cedraz. Os auditores e procuradores do TCU afirmaram no documento que a "sociedade assiste com per plexidade aos desdobramentos da Operação Lava-Jato".
“Nós, auditores do TCU, no exercício de nossas funções, combatemos veementemente a corrupção e impedimos incessantemente a malversação do patrimônio público. Somos uma categoria que faz a diferença no Brasil, porque exigimos e conclamamos diariamente a eficiência e a transparência na gestão da coisa pública e, por conta disso, não podemos agir de forma diferente na prestação de contas de nossas atividades”, cobrou a Associação da Auditoria de Controle Externo (AUD-TCU).
Já a Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil (ANTC) pede a instauração de procedimento preliminar no âmbito do TCU sob a responsabilidade de uma instância colegiada específica, integrada pelos membros do Tribunal para apuração na esfera administrativa, "com a isenção que a matéria requer”. Para a ANTC a Operação Lava Jato expõe graves indícios de irregularidade que afrontam a ética pública e o bem comum, provocando uma reação de indignação na sociedade brasileira. “As notícias sobre suposto envolvimento de agentes da Corte de Contas em casos sob investigação conduzida pelo STF apresentam elevado potencial de colocar em xeque a credibilidade da instituição centenária, cuja missão institucional é o exercício do controle externo de toda Administração Pública federal, com importante papel de prevenir a corrupção e garantir a eficiência do gasto público”, condenou a entidade.
Aroldo Cedraz chegou ao TCU em 2006 após ser indicado pelo então PFL para disputar a vaga da cota da Câmara dos Deputados. O ex-parlamentar foi conduzido à presidência pelo critério de ministro mais antigo que ainda não tenha exercido a função. O cargo de ministro do TCU é vitalício e salário mensal de R$ 23,2 mil.
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